POR QUE VEJA ACHINCALHOU O MINISTRO DIAS TOFFOLI?

Quarta-feira, 24 de agosto de 2016
A reação do ministro Gilmar Mendes à capa de Veja deste fim de semana desencadeou várias teorias: uma delas, a de que tudo foi armado para dar um freio de arrumação na Lava Jato e proteger tucanos como Aécio Neves e José Serra da delação da OAS, uma vez que o próprio procurador-geral Rodrigo Janot garantiu que Dias Toffoli não foi citado em nenhum depoimento de executivos da empreiteira; o ponto mais grave da discussão, no entanto, é jornalístico: o que leva uma revista semanal a destruir a honra de um ministro do Supremo Tribunal Federal sem que haja absolutamente nada?

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, dormiu na noite de sexta-feira com a honra achincalhada nas redes sociais. O motivo: a revista já havia divulgado sua capa, em que ele era acusado de ter sido delatado por Léo Pinheiro, da OAS.

Um dia depois, quem comprou a revista, teve a sensação de ter comprado gato por lebre. Dizia-se apenas que Pinheiro havia indicado uma empresa de reformas a Toffoli, que pagou com seu próprio dinheiro as obras de reforma em sua casa. Veja, no entanto, insinuava: se ele falou disso, poderá falar de mais coisas no futuro. Ou seja: não havia um fiapo de prova contra Toffoli sobre nada, mas poderia vir a existir algo no futuro.

Assim que a semana começou, o ministro Gilmar Mendes começou a colocar um freio de arrumação na Lava Jato, insinuando que Toffoli teria sido alvo da retaliação de promotores por ter contrariado interesses da Lava Jato. No entanto, o próprio procurador-geral garantiu que Toffoli não foi citado em nenhum depoimento e insinuou que Veja mentiu ou foi operada por alguém interessado em melar a Lava Jato. 

A teoria da conspiração dominante é de que tudo foi feito para proteger dois tucanos com pretensões presidenciais: Aécio Neves, já acusado pela OAS de cobrar propinas de 3% na Cidade Administrativa, e José Serra, acusado pela Odebrecht de receber, no exterior, uma doação via caixa dois de nada menos que R$ 23 milhões.

O ponto mais grave da discussão, no entanto, é jornalístico: o que leva uma revista semanal a destruir a honra de um ministro do Supremo Tribunal Federal, colocando-o na capa, sem que haja absolutamente nada?

Quem deve explicações, mais do que Janot, Toffoli ou Gilmar, são os editores da Abril para dizer que interesses a capa deste fim de semana esconde.

GILMAR SOBE O TOM CONTRA A LAVA JATO E FALA EM PROPOSTA FEITA POR CRETINO
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que comandou a reação a corte à capa de Veja que coloca seu colega Dias Toffoli na capa de Veja sem nenhuma acusação consistente, subiu o tom de sua crítica à Operação Lava Jato.

"É aquela coisa de delírio. Veja as dez propostas que apresentaram. Uma delas diz que prova ilícita feita de boa fé deve ser validada. Quem faz uma proposta dessa não conhece nada de sistema, é um cretino absoluto. Cretino absoluto. Imagina que amanhã eu posso justificar a tortura porque eu fiz de boa fé?", disse Gilmar.

A proposta de validação de provas ilícitas, obtidas de boa fé, foi defendida por integrantes da Lava Jato, incluindo o próprio juiz Sergio Moro, que a comanda.

Quem saiu em defesa da força-tarefa foi o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apontou "estelionato delacional", na capa de Veja, ao dizer que Toffoli jamais foi citado pela OAS.

Sem mencionar Mendes, declarou que "reações encadeadas nos últimos dias" contra a Lava Jato se assemelham à pressão sofrida pela Operação Mãos Limpas, a ação contra a máfia italiana nos anos 1990.

"A Lava Jato está incomodando tanto? A quem e por quê? Essas reações encadeadas nos últimos dias, não sei, me fizeram pensar muito. O que está acontecendo neste exato momento com as investigações da Lava Jato não é novidade no mundo. Isso aconteceu exatamente, em outra proporção, na Itália."

Do Brasil 247
Por Zé Carlos Borges
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