Terça-feira, 26 de julho de 2016
Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, as secretarias estaduais de Política para Mulheres (SPM) e de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) promoveram o debate ‘Fala Menina! Como assim cultura de estupro!?’ nesta terça-feira (26). Realizado no Centro Cultural de Plataforma, em Salvador, o evento discutiu assuntos ligados à violência sexual e de gênero e o racismo, numa perspectiva voltada para jovens negros de escolas públicas do Subúrbio Ferroviário.
“Estamos investindo no diálogo com a juventude. Nós não vamos mudar a cultura do estupro e violência se não conscientizarmos os jovens. É preciso dar voz às mulheres jovens, para que sejam porta-vozes de uma mensagem de afirmação”, explica a secretária de Política para Mulheres, Olívia Santana.
A ação, que faz parte do conjunto de atividades do calendário Julho das Pretas 2016, abordou o tema da cultura do estupro em ambiente escolar. Para a diretora estadual da União da Juventude Socialista (UJS-BA), Elis Regina Sodré, o evento aguçou a percepção dos jovens sobre violência sexual.
“Às vezes, em uma simples frase dita para uma mulher, o homem pode estar a assediando. A forma de abordar também pode se caracterizar como violência, e muitas mulheres entendem que é algo que ela não pode impedir, que sempre aconteceu e sempre vai acontecer. Mas não é verdade. Ela é que escolhe como quer ser tratada”, defende Elis.
Inspiração
Considerada uma das mulheres mais inspiradoras do ano passado pela ONG Think Olga, a fundadora do Projeto Desabafo Social, Monique Evelle, também participou do evento. A blogueira levou sua mensagem de resistência e respondeu perguntas do público ligadas à trajetória de mulher negra em projeção.
“Tenho muito em comum com essas meninas: somos jovens, mulheres e negras. Isso nos aproxima. Tenho muito cuidado na mensagem que transmito às pessoas. Escrevo e digo o que realmente acredito. A mulher negra tem condições plenas de crescer na vida e se impor na sociedade. Não podemos aceitar o racismo nem a violência de gênero”, afirma.
Quem também participou do debate foi a multitalentosa Lellêzinha. Ela é atriz, cantora, dançarina e vocalista do Dream Team do Passinho. Única mulher do grupo musical, a artista conta que no início foi difícil impor respeito, mas enfrentou as dificuldades de um ambiente majoritariamente masculino.
“As pessoas falavam para mim que participar desse movimento de dança [hip hop] era coisa de homem. Eu queria dançar e encarei. Ganhei projeção e hoje estou aqui. As mulheres precisam, acima de tudo, acreditar nelas mesmas e estar dispostas a enfrentar o machismo”, ressalta Lellêzinha.
Por Zé Carlos Borges
WhatsApp (74) 99140 5525
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