Segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Presidente do Cremepe, Silvio Rodrigues (Foto: Amanda Franco/ G1)
O Hospital Universitário de Petrolina, no Sertão pernambucano, foi alvo nesta quarta-feira (25) de uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). Esta é a terceira realizada na unidade pelo órgão e foi motivada após denúncia que comprovou a falta de profissional médico no hospital para a realização de cirurgias eletivas.
Na data da fiscalização, dos 60 pacientes internados, 25 estavam na enfermaria e 35 espalhados pelos corredores. 90% deles estavam esperando por uma cirurgia ortopédica. A equipe do Cremepe percorreu as salas vermelha, amarela e verde e solicitou ao hospital a relação de óbitos de pacientes que aguardavam por cirurgias para ser enviado junto ao relatório.
“A gente conversou com vários pacientes que esperam há dias por uma cirurgia. O cuidado dentro da UTI é bem mais adequado do que nestas outras regiões. Tiveram óbitos nestas salas e queremos saber como foi a motivação dos pacientes e vamos pensar o que vamos fazer para brigar ou mesmo aumentar os leitos de UTI”, disse o presidente do Cremepe, Silvio Rodrigues.
Na fiscalização, outra denúncia também foi confirmada: o fechamento de seis dos 16 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo o Cremepe, durante a fiscalização, 10 pacientes que estavam internados nas salas vermelha e amarela tinham indicação de UTI, mas não puderam ser colocados no local, pois falta espaço. A causa do fechamento dos leitos é também pela falta de profissionais médicos para acompanhamento.
Na seleção simplificada dos médicos realizada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra o hospital, não foi suficiente para atender a demanda. Foram oferecidas 31 vagas para cinco especialidades e, segundo o Cremepe, apenas três profissionais de clínica médica assumiram. Segundo o presidente do Conselho, Sílvio Rodrigues, o concurso fez exigências que não eram necessárias para o preenchimento das vagas.
“Entregamos os pareceres ao jurídico do hospital para ver se a gente consegue fazer outra seleção simplificada e, desta forma, colocar os profissionais tanto na clínica médica, quanto na UTI. Por lei, formados, eles podem exercer a profissão como médicos. De várias especialidades, apenas três clínicos assumiram o concurso de clínica médica, tem um desfalque importante de oito clínicos da porta de entrada até a UTI”, explicou.
A falta de profissionais já está sendo acompanhada pelo Cremepe, pelo menos, desde o final de 2014, quando foi realizada a primeira fiscalização. A segunda aconteceu em meados de 2015, quando o HU também apresentava ausência de insumos e equipamentos. “Faltam, pelo menos, seis anestesistas e 11 ortopedistas para completar a escala das cirurgias eletivas, que é onde tem a lista de espera dos pacientes que estão nos corredores do hospital e de onde vem as reclamações”, disse Silvio Rodrigues.
Os convênios firmados entre as Prefeitura de Petrolina e Juazeiro-BA e o Hospital Universitário de formação de equipes com anestesiologista e ortopedista não é uma realidade, segundo apontou o relatório do Cremepe.
“Dos dois convênios firmados entre o hospital e as prefeituras de Petrolina e Juazeiro, só aconteceram 12 cirurgias em 15 dias. No nosso entendimento é muito pouco para o convênio firmado. O quantitativo de anestesiologista e ortopedista não é o suficiente para tirar a lista de espera. No relatório vai constar também esta realidade, de que existe o convênio, mas que não foi contemplado para tentar reverter a situação”, destacou o presidente do Cremepe.
O Conselho Regional de Medicina deverá abrir uma ação civil pública, além de uma sindicância por parte do Conselho. A previsão é de que o relatório da fiscalização esteja pronto já na próxima semana. Em suma, Rodrigues resumiu a situação atual do HU. “É uma lista de espera grande que estão necessitando das cirurgias de urgências. Quanto mais se espera, o prognóstico de sequelas aumenta. Estes pacientes têm também risco de infecção . São pacientes internados em macas nos corredores”, ressaltou.
De acordo com a assessoria de comunicação do HU, os leitos fechados só serão reabertos quando o HU-Univasf conseguir contratar os médicos que estão faltando.
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Petrolina afirmou, por meio de nota, que “o município contratou mais 2 cirurgiões ortopédicos, 2 técnicos auxiliares e ampliou a carga horária de 2 anestesistas de seu quadro, que já estavam cedidos ao HU. Portanto está colocação não procede.”
Por Zé Carlos Borges, com informações do G1
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